Faleceu Delmar Marques, vítima de uma grave cardiopatia. Ele estava internado no Incor há meses aguardando um transplante de coração. Delmar Marques foi um renomado jornalista, atuante na cena política e social do país durante décadas. Trabalhou nos maiores órgãos da imprensa nacional. Como autor, viajou o mundo e pesquisou a fundo a origem e a degradação da sociedade matriarcal, substituída pela dominância machista. Vivia inconformado com esta inversão. Achava que o mundo seria bem melhor se fosse fundamentado numa sociedade matriarcal. Conheci o Delmar porque ele entrou em contato comigo (quando eu é que deveria ter a obrigação de entrar em contato com ele, o maior defensor dos direitos da mulher deste país). Ele gostou das tirinhas da Amely que são publicadas diariamente no jornal Metro em SP e não titubeou em me mandar um e-mail muito simpático sobre o suposto engajamento feminista da personagem. Eu respondi e logo ele me mandou seu último livro. Então, começamos a trocar idéias e ideologias diariamente. Fiz até algumas tirinhas baseadas nos nossos papos. Delmar divertia-se. Conversei no MSN com ele dias antes de sua morte. Ele estava na UTI do Incor, com um note book clandestino. Nossa conversa foi interrompida várias vezes, pois ele passava muito mal. Estava indignado com a problemática dos transplantes de órgãos no país. Não foi possível um coração para o Delmar. No sentido figurado, não haveria coração que substituísse o dele.