Professor de sétima série molesta ideologicamente seus alunos!
O professor Paulo Lívio, do colégio São Bento (RJ), tentou ensinar o básico do capitalismo X marxismo promovendo a análise de um livro de charges intitulado "Capitalismo para iniciantes" (Carlos Eduardo Novaes). Tal atitude gerou o protesto de pais de alunos e acabou virando matéria da revista Veja, que posicionou-se de forma contundente sobre o assunto. Nesta revista, Ronaldo Soares arremata seu texto dizendo que "a omissão dos pais poderá gerar uma perfeita legião de idiotas latino-americanos". Ele está equivocado. Não só a omissão dos pais para com seus filhos, mas também a omissão absoluta do sistema de ensino é que pode gerar (e está gerando) perfeitos idiotas latino-americanos. Digo isso pois a pior faceta do "molestamento ideológico" é a privação de informação que forma cidadãos sem capacidade de análise para interpretar sequer um parágrafo. (O Brasil é o terceiro pior país do planeta em se tratando de ensino. Cerca de 80% dos nossos jovens não conseguem interpretar lucidamente um parágrafo). Acredito que produz-se mais um idiota latino-americano quando julgam uma criança de 15 anos sem capacidade de discernimento para ser politizada. Nasce mais um idiota quando vetam-se aulas que tratam de análise política, por exemplo. Pais e escolas que preferem que seus filhos e alunos não leiam ou que não tenham contato com certas informações, acham que estão protegendo-os da imbecilização, quando na verdade, estão promovendo exatamente isto... E pior, estão retrocedendo a uma época de ditadura, de censura. Não coloco em questão a qualidade do livro de humor gráfico que este professor utilizou. São charges produzidas na década de oitenta, com teor crítico embasado num ponto de vista peculiar e retrógrado sobre o capitalismo. Mas vale lembrar que charges expressam a opinião de um tema em voga. Charges são temporais, o que as tornam voláteis e muitas vezes retrógradas já no dia seguinte de sua publicação. Mesmo assim, sempre serão a representação de um momento histórico a partir de quando são criadas. Se interpretadas desta maneira em sala de aula, só somarão à bagagem cultural dos alunos. Em 1999, coordenei a Bienal de Humor Gráfico do Mercosul. Cartunistas renomados como Ziraldo, Paulo Caruso, Lan, Borjalo, Quino e muitos outros estavam participando desta exposição de cartuns itinerante. Fui até uma grande rede de ensino particular pedir patrocínio para levar a exposição até Curitiba, esperando uma resposta Positiva. Surpreendentemente (ou não) o diretor de marketing desta rede de ensino disse-me que não poderia patrocinar tal exposição porque "o nome da tal empresa não poderia ser vinculado a uma arte tããããão SUBVERSIVA, que é a charge. Isso influenciaria de forma maléfica a educação dos nossos alunos." disse ele. O que este manipulador de informação a serviço da perpetuação da ignorância intitulou de "subersivo" era o registro gráfico da nossa história política. Subversivo para aquele diretor de colégio é o retrato da nossa sociedade, ou seja, a verdade que ele se recusou a apresentar aos seus alunos mentalmente imaculados (eu diria debilitados). Além da discriminação do uso didático das charges, preocupa-me muito mais a censura velada, travestida de "politicamente correto" vigente neste país. País de mierda, aliás, cujo presidente dá o péssimo exemplo: gaba-se de ser uma "metarmorforse ambulante", ou seja, orgulha-se de não ter opinião formada sobre porra alguma, tal qual o rebanho acéfalo que está convenientemente gerando para o futuro da nação. Estufa o peito quando diz que não tem escolaridade, e mesmo assim, "si deu bein". Cultuemos a estupidez! Bem, enquanto não houver o despertar para um ensino analítico estaremos fadados a criar marionetes a serviço do néscio da vez no comando do país, do sistema, do papa ou do diabo a quatro. Nossas crianças sequer interpretam um parágrafo, quem dirá interpretar sua própria história? Até quando viveremos nesta era do apagão do conhecimento... Hein? Idiotas latino-americanos?! Até quando seremos espectadores contentes com pão e circo em que nós somos os palhaços? Postado por Pryscila Vieira, diretamente de sua edícula ridícula. pryvieira@yahoo.com.br
A coisa anda feia, a única cultura que o brasil se preocupa em promover, é a do lucro imediatamente retornavel. Para que investir em pessoas pensantes, se os acéfalos gastam mais rápido?
Para que educar, se a tv pode alienar?
Qual será a preocupação para a melhoria de vida de um jovem, se o próprio sistema o fada a morrer na ponta de uma faca ou por bala de fuzil?
Nossa dieta de pão e circo se resume a bola e bolsa esmola, nossa idependecia se resume a escolher qual canal assitir, a inteligência brasileira se define a qual estilo americano mimetizar...
[u.u] e as pessoas ainda me perguntam por que não quero ter filhos...
# comentado por Anônimo : 10 de dezembro de 2007 às 03:21
Morenno, o negócio é alienar!!! Como diria o ET: Minha casa! telefone! Minha casa! Não sou de esquerda, nem direita, nem coluna do meio. Na verdade estou é na hora extra neste planetinha. Beijos! Pry!
# comentado por Pryscila : 10 de dezembro de 2007 às 04:16
tudo bem, assim que eu descobrir uma forma de ganhar uma boa grana alienando essas criaturas, eu entro na historia! [o.O]
Mas suponho que o ET diria hoje:
Meu apê! Iphone! Meu apê! [o.o]
ps.: recebeu meu(s) mail(s)?
# comentado por Anônimo : 10 de dezembro de 2007 às 08:37
Pry!!! Faz tempo que não passo aqui!!! Estava com sôdades!!! Você está brava mesmo neste texto, hein?? Mas o pior é que é mesmo pra se ficar bravíssima!!! Tenho um filho de 15 anos e há anos descubro que o pobre na verdade não aprende nada na escola, começou na primeira série que eu, mãe, o ensinou a escrever, depois disto foi uma sucessão de absurdos e o pior: eu pago colégio para meu filho desde o maternal... Imagine a escola pública!! O mais interessante e que vc citou em seu texto é que as crianças não sabem interpretar textos, meu filho tinha uns 10 anos e eu percebi que o pobre não sabia o que queria dizer: Interpretação de textos - fiquei de cabelo em pé, chamei o menino e disse: - Gabriel vc sabe o q é interpretação de textos? Ele respondeu que não ,então eu falei: - Biel leia este parágrafo aqui... Ele leu , eu lhe disse: - Me conte agora o que vc leu... - Ele me falou: - Ah!! Então é isso?? Que fácil... O mundo está perdido!!! Puxa!! Há muito o que falar, mas faço das suas as minhas... beijocas
# comentado por Anônimo : 10 de dezembro de 2007 às 11:49
madame! saudade! que bom que passou por aqui!!! eu sempre passo por lá! viu... o que tenho a dizer... só "infelizmente"...
morenno!!! li seus emails sim!!! vou respondê-los direitinho logo mais. bjs!!!
# comentado por Anônimo : 10 de dezembro de 2007 às 12:00
Triste realidade de um Brasil em que o governo é omisso, e como vc bem disse, orgulhoso da própria ignorância !
# comentado por Anônimo : 13 de dezembro de 2007 às 05:39
Somos responsáveis pelo mundo!!! Edu...precisamos de gente boa por aqui, pra virar esse jogo!!! Filhos, sim!!! Então, paus à obra!!! Fazia tempo que não passava aqui, tudo bem Pry? Porrada esse seu texto!!!!
# comentado por Banido : 13 de dezembro de 2007 às 23:57
paus à obra! adorei! vamo lá!
# comentado por Anônimo : 14 de dezembro de 2007 às 15:18
Eu já trabalhei em escola pública e atesto, são oito ou nove anos de baderna e alienação. A ordem (isso mesmo, ordem, determinação, instrução de caráter compulsório) é não deixar reprovar, mesmo que a criança seja mais analphabeta do que a cadeira onde se senta. Estão formando duas castas, a dos pensantes e a dos ruminantes, esta, claro, muitíssimo mais numerosa. O mundo (não só o Brasil) não vai conseguir se sustentar desse jaito, assim como Roma não se sustentou.
# comentado por Nanael Soubaim : 15 de dezembro de 2007 às 11:53
porra, fazia tempo que eu não lia um texto tão bom quanto esse! entreguei à boca um sorrisinho meio suspirante (lendo o post) ao lembrar das aulas que dei num colégio público (tema dos meus dois últimos posts). é preciso nivelar os alunos por baixo, bem subterraneamente, pra que a aula não siga com perguntas do tipo "como assim 'analise', professora?" - eu me tremo só de lembrar.
# comentado por Anônimo : 10 de março de 2008 às 19:52