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6.12.07

 

Histórias que nossas babás não contavam

Lá pelo inicio da década de... (deixa para lá) meu pai partiu a machadadas seu porco de barro para comprar um vídeo-cassete. Feliz da vida dirigi-me a uma locadora para pegar meu primeiro VHS. E primeiro VHS é como o primeiro sutiã: você nunca esquece. Minha única exigência era que o filme não fosse legendado pois eu nem era completamente alfabetizada ainda. Por conta disso, não desembaralhei o amontoado de letras da sinopse do filme que loquei na intenção de assistir a um desenho animado, visto que a capa era um belo desenho... E bem animado. Resultado: meu primeiro VHS foi "Histórias que nossas babás não contavam", uma pornochanchada de 1979 em que Branca de Neve foi interpretada por uma das ex-mulatas de Sargentelli, a bela Adele Fátima. O príncipe encantado era ninguém menos do que o Costinha. Os sete anões eram... Os sete anões mesmo. Hoje, sei ler um pouquinho melhor, e descobri que a sinopse do "Histórias que nossas babás não contavam" dizia o seguinte: "Sátira do conto de Branca de Neve, em que os sete anões mostram ao príncipe encantado que tamanho não é documento."
Assisti ao filme na companhia de minha irmã, um ano mais "velha". Enquanto isso, mamãe passava roupa, impressionada com o préstimo do novo eletrodoméstico. "As crianças ficam quietinhas!" pensava ela. Pudera... Até o Taz ficaria imóvel assistindo a uma fogosa Branca de Neve, sete anões afoitos e alguns banquinhos cambaleantes. "Naquela época" em que uma criança podia locar filme pornô e a turma do Balão Mágico era aplaudida por atirar de trezoitão de plástico, eu comprava wiskey e cigarro para meu pai. E para que eu não passasse vontade, papai comprava um guaraná, para que parecesse meu whiskey e uma caixa de cigarrinhos de chocolate da Pan.
O mundo era politicamente incorreto, sim... Mas era divertido! Super fantástico... Ah! O Balão Mágico!
* Antes que algum desocupado que se diga politicamente correto venha reivindicar meu maior cuidado com as palavras, vou logo avisando:
- Hoje eu não fumo e não bebo (muito) como vocês devem estar pensando.
- Não sou praticante de orgias sexuais com anões indefesos por influência de Adele Fátima. Não precisa prender a moça.
- E não. Não acho que na "época dos militar" a situação era melhor... Antes que coloquem palavras na minha boca.
Postado por Pryscila Vieira, diretamente do Niu Iórqui Táimes.
pryvieira@yahoo.com.br

Comments:
Incrível ver uma juventude de espinha na cara defendendo um regime que (graças à Deus) não conheceu. Politicamente correcto é o denorex do bom senso, parece, mas não é... Também já desenhei uma Branca-de-Neve adulta e, quer saber? Só houve admiração. Despryscile quem não gostar, nós que pryscilamos e cá estamos gostamos.
 
ASHUAHSuhAS
Também assiti esse video quando criança...

Saudades do costinha... Eu ficava admirado como tanta piada e tanto palavrão cabiam em suas fitas!

Lembro do chocolatinho da pan, mas nunca cheguei a ver o cigarrinho [o.O]

Bem, nasci nos anos 80, não conheci o regime, mas minha familia sim, e não vejo o por que de sentir falta do mesmo. Acho que esses seres "humanos politicamente" devem mais é criar suas proprias ideologias e conceitos, antes de querer "resgatar" ou "ressucitar" algo já proposto/feito.

Acho ridiculo ver crianças de 10-13(hoje pré adolescentes né?) preocupados com sexo e bebidas quando na minha época (meu deus.. estou velho!!!) minha maior preocupação era brincar e me divertir! (claro, passar de ano também...)
 
Adorei o verbo "despryscilizar"!!! Vou aderir!!!!
E eu lembro do gostinho dos cigarrinhos de chocolate... O gosto é igual aos guarda-chuvinhas de chocolate que vendem até hoje. Chuva ainda não se tornou politicamente incorreta...
Beijooooossss
 
espere ate começarem a usar guarda chuvas para fins ilicitos... o.O
 
Os tempos antigos sim eram legais. Hoje em dia tudo é sem graca e mecanico. Com toda essa tecnologia o mundo vai se transformando num lugar nda interessante.Eu nunca vi esse filme, mas ja fumei esses cigarros e posso dizer que sao os melhores! eita gosto bom!
 
Muito bom!

Essa história me lembra um episódio ocorrido com a minha avó, que, nascida e criada em Itu, resolveu, já velhinha, entrar num cinema do centro de São Paulo para assistir o filme que lá passava, chamado "O Homem de Itu".

Queria ver se aparecia algum conhecido, disse ela.

O problema é que o filme era uma baita pornochanchada. O título, aliás, fazia referência aos atributos do protagonista, interpretado pelo Nuno Leal Maia.

Eu imagino o que os presentes devem ter achado ao ver uma velhota de oitenta e muitos anos entrando para assistir o tal filme...

Abração.
 
Bons tempos o do politicamente incorreto. Na minha infância não usei cinto de segurança, nem capacete para andar de bicicleta, e não fui vítima do discurso superprotetor que hoje paira sobre os meninos. A consequência é que estamos formando adolescentes infantilizados, frágeis e pirracentos.
 
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