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30.11.06

 
Existem muitas histórias sobre a origem do Papai Noel. Uma delas diz que o bom velhinho, conhecido como São Nicolau (Bispo de Mira) era turco, nasceu em 270 (século III) e herdou uma polpuda fortuna de seu pai. Muito bonzinho, distribuía moedas de ouro para os pobres no seu aniversário (06 de dezembro). Há um relato de que seu vizinho iria "vender" as três filhas por falta de dinheiro mas São Nicolau pagou antes pelas meninas a tempo de "salvá-las". Se ele ficou com as meninas ninguém sabe, ninguém viu. Por estes e por outros milagres que seu dinheiro e seu poder realizaram, tornou-se o santo mais popular da igreja católica. E o garoto propaganda mais eficaz da história.
Até 1860 a imagem de São Nicolau era representada por um bispo sisudo com roupa marrom. Mas uma imagem religiosa assim definitivamente não venderia carabinas, cigarros, brinquedos, convites para casas noturnas e vodka. A verdade é que cada vez mais a imagem do bom velhinho foi lapidada de acordo com o crescimento das vendas de natal.

Quem criou a primeira imagem do Papai Noel que atualmente conhecemos foi o cartunista Thomas Nast do jornal americano Harper´s Illustleted Weekly. Em 1860, leu os versos do poeta Clement Moore (que definitivamente via gnomos) intitulado "Duas noites antes do natal". Dizia o seguinte: "... A Lua, projetada no seio da neve que caía, Iluminava tudo, cá embaixo. / De repente, do meio dela, ele surgiu. / Vinha no que me pareceu um trenó Puxado por lindas renas. / Seus olhos ? como eles brilhavam! Seu rosto irradiava alegria. / Suas bochechas eram como rosas O nariz igual a uma cereja. / E sua barba, branca como a neve. / Rechonchudo, barrigudo, Tinha jeito de gnomo, Simpático e bonachão. / Quando o vi, a despeito de Minhas mágoas, sorri".
Nast interpretou este texto e adicionou mais um temperinho de fantasia na ilustração. Extraditou São Nicolau da Turquia diretamente para o Pólo Norte, deu-lhe um trenó voador com motor de oito renas e mais alguns duendes para ajudá-lo na confecção dos presentes durante o ano inteiro. A estréia do resultado foi a público em 1866.


Esta não demorou a se solidificar como a melhor representação de São Nicolau, digo, Papai Noel mundo afora. Eis que em 1931 a Coca-cola, de olho no sucesso de Papai Noel, contratou o cartunista Haddon Sundblom para redesenhar um bom velhinho que vendesse muita Coca. Já que naquela época Pablo Escobar ainda não era nascido, Sundblom usou como modelo seu vizinho, comerciante aposentado, Lou Prentice que tinha as bochechas rechonchudas e jeitão de avozinho mão aberta. A roupa vermelha foi criada em alusão as cores da Coca-cola. Quando Lou Prentice morreu, Sundblom passou a usar a própria imagem como inspiração para criar novas ilustrações de Papai Noel para a Coca. Confira abaixo a semelhança entre o criador e a criatura. O aniversário de São Nicolau que era no dia seis de dezembro, passou a ser comemorado no dia de natal. Este costume foi adquirido principalmente quando os imigrantes holandeses, admiradores do santo, estabeleceram-se na Nova Amsterdã, mais tarde batizada Nova York. Resumindo: Querendo ou não, Papai Noel acabou gerando um desvio de atenção para o que realmente os cristãos comemorariam no dia 25 de dezembro: O nascimento de Jesus. Nesta data tem se comemorado o consumismo desenfreado e as boas vendas. Enquanto isso cristãos lamentam que a data mais importante de seu calendário tenha seu sentido religioso ofuscado por apelos irresistíveis do bom velhinho que nem de longe lembram o Santo. Prova disso é que uma pesquisa efetuada com quase mil crianças com menos de oito anos nos EUA revela que para elas a imagem do natal é a do Papai Noel da Coca-cola. Duas imagens foram colocadas lado a lado. Um desenho de Jesus na manjedoura e outro do Papai Noel na chaminé. Oitenta e nove por cento das crianças atrelaram a imagem do natal a do Papai Noel.
São Nicolau era turco, vestia-se de marrom, comemorava seu aniversário em 6 de dezembro. Acabou no Pólo Norte, com roupa 100%RED100%YELLOW (cor oficial da Coca-cola) e comemorando seu aniversário em 25 de dezembro na companhia de renas e duendes. Mas foi assim que em algumas centenas de anos, pelas mãos de cartunistas aliadas aos cérebros engenhosos dos marketeiros da época, que o santo milionário considerado o padroeiro das crianças, estudantes, escravos, mocinhas solteiras, presos, pobres e ricos, marinheiros e patrono da Rússia (Lênin revira-se no túmulo quando pensa nisso) foi transformado num dos maiores símbolos do consumismo da história. O mais eficaz garoto propaganda de todos os tempos. Bem, não esqueçamos que São Nicolau como todo bom turco, venderia muito bem o que quisesse... Caso não tivesse desabrochado nele o dom da Santidade, claro. Texto de Pryscila Vieira.

pryvieira@yahoo.com.br

Comments:
Muito bom, menininha! Muito bom mesmo. Agora, esses dois cartazes de baixo fazem os do teste lá em cima parecerem ilustrações de livros do maternal.
 
excelente pesquisa, senhorita.
muito, muito legal mesmo. eu naum gosto de coca cola nem de papai noel, mas seria bom se outras criaturas q veneram ambos lesse e refletissem sobre isso...

uma ótima semana pra vc ;)
 
Priscila,
Tava eu distraído fuçado orkut do povo, e vi um scap teu, fui ver perfil e este link.
Adorei esta estória sobre papai noel, tanto q gostaria d postar no meu blog, não neste, p/ evitar concorrência, mas do Live Space http://ricbrsp.spaces.live.com/ , não agora, mas oportunamente, quando fizer uma imagem c/ tema natal, p/ acompanhar a postagem.
Claro q vou indicar autoria e link p/ seu blog.
Foi vc quem pesquisou o assunto?
É sério, é verdadeira sua estória?
Notei q vc utiliza muito humor, coisa q procuro fazer, tmb, gostaria de usar material seu.
Bjs.....
 
oi ricardo!
pode colocar o texto lá no teu blog sim!
pesquisei sobre o assunto na internet, matérias de jornal e livros. A verdade é essa mesmo, segundo consta. Papai Noel era São Nicolau, bispo turco canonizado pela igreja. Com o tempo transformou-se em Papai Noel pelas mãos da Coca-Cola. Bem, é o que as fontes todas dizem.
Manda ver lá no teu blog!
E apareeeeeeça sempre!
bjs!
 
oi priscyla.
eu estava assistindo um pedaço do filme na sessão da tarde, "milagre na rua 34" (q é baseado num filme dos anos 40), e foi impossível não pensar no texto q vc escreveu no seu blog.
algumas curiosidades: os desenhos q aparecem no filme, nos cartazes da loja em q o o "sr noel" (crim não sei o q) trabalha são iguais ao do papai noel da coca-cola, e veja só: o nome da loja é "coles", escrita com a mesma fonte e cores da antiga versão formal do logotipo da coca.
isso tudo me lembrou dos estudos sobre propaganda subliminar do calazans... o filme é muito bonito, bem escrito e comovente... e o nome coca cola não aparece na história, mas... será q é posssível não relacionar uma coisa com outra, mesmo q inconscientemente? isso assusta...
beijo.
 
vc realmente merece todos os elogios!
 
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