Esta é uma foto da palestra sobre os quadrinhos brasileiros na feira do livro de Frankfurt. Qual é a primeira coisa que percebemos? Que todos são lindos e cheirosos? Sim! Mas além disso, não vemos a presença de NENHUMA mulher na rodinha, embora o mercado brasileiro de quadrinhos já tenha muitas profissionais atuantes, sendo eu, uma delas.
Claro que a plateia indagou nossos ilustres profissionais brasileiros sobre a ausência de mulheres, visto que a representatividade feminina era notoriamente nula naquele palco. Quem respondeu, foi Mauricio de Sousa:
"Mulher ainda não tem essa liberdade sem vergonha que homem tem, de trabalhar até tarde, tem que cuidar da casa, dos filhos, quadrinho exige muito tempo de dedicação".
Senti-me uma baita de uma sem vergonha, porque viro noites e mais noites desenhando (trabalhando!) ao invés de me dedicar àquela pilha de louça pra lavar. Lembrei de um dos livros mais lindos da nova era dos empreendimentos da Turma da Mônica, foi feito pela Lu Cafagi, mulher. E muitas das profissionais que mantém a excelência dos desenhos da Turma da Mônica, são mulheres.
Enfim, não haveria motivo para esquecê-las bem na hora de responder se elas existem, num evento tão importante para a indústria de quadrinhos e, quiçá, para mulheres que atuam nesta área.
Maurício não respondeu, mas eu respondo: nós existimos, Frankfurt! Nós existimos, planeta Terra! E precisamos desenhar (trabalhar!) mesmo que isso pareça algo sem vergonha, se comparado aos nobres trabalhos de cuidar da casa e dos filhos.
*A tirinha da Mônica postada logo abaixo da foto, é uma das vinte tirinhas que fiz para o belíssimo livro "MSP 50 novos artistas" - baseada em Millôr.